Bonde Urbano Digital inicia operação entre Pinhais e Piraquara, o primeiro da América do Sul

O Bonde Urbano Digital (BUD) representa uma inovação significativa no transporte público da América do Sul, iniciando suas operações entre Pinhais e Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). A primeira viagem ocorreu no dia 9 de dezembro de 2025, com a presença do governador Carlos Massa Ratinho Júnior. Inicialmente, o BUD conecta o Terminal São Roque, em Piraquara, ao Parque das Águas, em Pinhais, com previsão de extensão até o Terminal de Pinhais na semana seguinte.

Bonde Urbano Digital: tecnologia e operação pioneira

Fabricado pela empresa CRRC Nanjing Puzhen, o Bonde Urbano Digital combina características do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e do Transporte Rápido por Ônibus (BRT), sistema criado para Curitiba nos anos 1970. Utilizando a tecnologia Digital Rail Transit (DRT), o BUD segue um “trilho virtual” por meio de marcadores magnéticos e sensores instalados no asfalto, eliminando a necessidade de trilhos físicos.

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  • O governador Ratinho Júnior destacou a tecnologia embarcada, o silêncio do veículo e o ar-condicionado, além da condução autônoma em parte do trajeto, onde o condutor apenas monitora a máquina. Ele ressaltou o potencial do sistema para avançar ainda mais, caso a população aprove o projeto, destacando o excelente custo-benefício em comparação com metrô e VLT.

    Características e benefícios do Bonde Urbano Digital

    Com capacidade para até 280 passageiros, o BUD mantém o valor da passagem convencional, de R$ 5,50. A rota inicial percorre cerca de 10 quilômetros, saindo do Terminal de Pinhais, passando pela Avenida Ayrton Senna da Silva e pela rodovia Deputado João Leopoldo Jacomel, até o Terminal São Roque, em Piraquara. Apesar da tecnologia para condução autônoma, o veículo contará com motoristas em todas as viagens para garantir segurança.

    O veículo 100% elétrico possui 30 metros de comprimento, operação bidirecional, ar-condicionado e pode atingir até 70 km/h, superando a velocidade média dos ônibus BRT. A vida útil estimada chega a 30 anos, três vezes maior que o sistema atual. O BUD conta com rastreamento automático, orientação autônoma, proteção eletrônica ativa, sensores, radares e câmeras para garantir segurança ao compartilhar a via com outros veículos.

    Além disso, o custo de implantação do BUD é três vezes menor que o VLT, com tempo de implementação curto, cerca de um ano para vias de até 15 quilômetros com 15 veículos. O sistema permite composições de até quatro carros de 10 metros, ampliando a capacidade para 360 passageiros, superando o maior ônibus em circulação na RMC, que transporta até 250 pessoas.

    O BUD utiliza supercapacitores em vez de baterias de lítio, possibilitando carregamento rápido em cerca de 12 minutos e autonomia de até 40 quilômetros de operação contínua. Essa tecnologia elétrica reduz custos operacionais, especialmente com combustíveis.

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    Foto: Jonathan Campos/AEN

    Implantação e operação do BUD na Região Metropolitana de Curitiba

    O sistema chegou ao Brasil desmontado em setembro e foi montado em Pinhais por equipes chinesas, onde também ocorreram os primeiros testes. Uma garagem multifuncional, que funciona como oficina e posto de carregamento, foi construída nos fundos do Terminal São Roque. Também adaptaram uma sala para o Centro de Controle Operacional (CCO), que monitora o percurso por câmeras instaladas no veículo.

    Para garantir a condução autônoma, ímãs foram instalados no Terminal São Roque e na rodovia Deputado João Leopoldo Jacomel, permitindo demonstração da tecnologia em dois cenários: trajeto normal na rodovia e chegada ao terminal. Terminais de ônibus receberam adaptações, e o pavimento da Avenida Ayrton Senna da Silva passou por melhorias para maior conforto dos usuários.

    A Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep), vinculada à Secretaria de Estado das Cidades, coordena a operação do BUD. A Amep capacitou quatro motoristas para conduzir o bonde durante as viagens, garantindo segurança e eficiência.

    O impacto do Bonde Urbano Digital na mobilidade e no futuro do transporte público

    O diretor-presidente da Amep, Gilson Santos, ressaltou que o BUD integra uma estratégia para atender a crescente demanda da Grande Curitiba, onde as cidades metropolitanas superam a capital em população. O fluxo diário de pessoas entre essas cidades e Curitiba exige repensar o transporte de massa.

    Santos destacou que o BUD pode suprir essa necessidade com custo menor que VLT e metrô, sendo ideal para grandes corredores metropolitanos, como Fazenda Rio Grande-Curitiba e Piraquara-Pinhais-Curitiba. Ele também enfatizou o caráter inovador do sistema, que mantém dois motoristas por questões de segurança, já que a condução autônoma ainda não regulamenta no Brasil.

    O secretário das Cidades, Guto Silva, afirmou que o BUD pode ser um divisor de águas no transporte de massa brasileiro. O sistema reúne a capacidade do trem, a mobilidade do ônibus e a agilidade do metrô, tudo com silêncio e sustentabilidade, encurtando o tempo de viagem dos cidadãos metropolitanos.

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    Foto: Felipe Henschel/AEN

    Reconhecimento nacional e internacional do BUD

    O Paraná tornou-se o primeiro estado da América do Sul a adotar o Bonde Urbano Digital no transporte coletivo, operando a linha Pinhais-Piraquara, que transporta cerca de 10 mil passageiros por dia. O BUD realiza a linha direta, sem paradas intermediárias, enquanto os veículos tradicionais continuam operando normalmente.

    O projeto tem como referência o sistema implantado em Campeche, México, o primeiro na América do Norte, com 15 quilômetros de linha guiada e cinco quilômetros de condução automática segregada. O sistema mexicano levou 14 meses para implantação completa. O BUD também opera em cidades da China e está em instalação na Austrália.

    O projeto atraiu interesse de prefeitos e representantes de estados brasileiros, como Santa Catarina e Mato Grosso, além de autoridades de cidades argentinas, Costa Rica, Colômbia e Chile, que visitaram o Paraná para conhecer e acompanhar a montagem do sistema.

    Opiniões de autoridades e prefeitos sobre o Bonde Urbano Digital

    A prefeita de Pinhais, Rosa Maria, destacou que o BUD contribui para a melhoria da mobilidade e qualidade do transporte coletivo. Ela ressaltou o privilégio de ter sido escolhida para o trajeto, alinhado ao perfil sustentável da cidade.

    O prefeito de Piraquara, Marcus Tesserolli, enfatizou que o veículo sustentável combina com o município, onde quase 100% da área é de preservação. Ele agradeceu a oportunidade de facilitar a vida das pessoas com essa inovação.

    A viagem inaugural contou com a presença do vice-governador Darci Piana, secretários estaduais, diretores de órgãos de trânsito e infraestrutura, deputados estaduais, o prefeito de Cuiabá, que também planeja implementar a tecnologia, e outras autoridades.

    Conclusão: Bonde Urbano Digital como marco na mobilidade sustentável

    O Bonde Urbano Digital representa um avanço tecnológico e sustentável no transporte público da Região Metropolitana de Curitiba. Com tecnologia inovadora, operação eficiente e custo-benefício atrativo, o BUD oferece uma solução moderna para a crescente demanda por mobilidade na região.

    A combinação de condução autônoma, sustentabilidade e capacidade de transporte posiciona o Bonde Urbano Digital como um modelo para outras cidades brasileiras e países da América do Sul. A expectativa é que o sistema evolua e se expanda, contribuindo para um futuro mais sustentável e eficiente no transporte coletivo.

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