Em deslocamento de 16 km (ida e volta) do bairro ao Centro de Curitiba com o carro mais econômico do mercado, o motorista gasta mais que o dobro do que se optasse pelo transporte público.
Para os 16 km (média percorrida em ida e volta pelos usuários dos BRTs na ligação bairro-Centro) com um veículo 1.0 flex seriam necessários R$ 540 mensais. Este valor leva em conta o gasto com gasolina (cerca de R$ 150 em 20 dias úteis), o IPVA mensal (R$ 140) e a mensalidade média de um estacionamento no Centro (R$ 250).
Já na opção pelo ônibus, com o pagamento de duas passagens diárias, o valor mensal chegaria a R$ 220, dispensados os custos com IPVA, estacionamento e gasolina. Nesse cálculo ainda não estão considerados seguro do carro, nem gastos com revisões, nem o investimento na compra do veículo.
O alto custo para manter um carro próprio, somado aos constantes aumentos dos combustíveis, têm feito com que a população busque outros meios de deslocamento.
Trabalho recente feito por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), tendo por base o BRT de Curitiba, aponta para um aumento de 5 mil passageiros no sistema de transporte a cada aumento de R$ 0,10 na gasolina.
As conclusões da pesquisa que aponta a relação direta entre o aumento dos combustíveis e o crescimento da busca pelo transporte público foram publicados na revista Sustainability, referência internacional em pesquisas interdisciplinares sobre sustentabilidade ambiental, cultural, econômica e social, e teve o conteúdo replicado em reportagem da Agência Brasil.
Indutor do desenvolvimento
Como parte integrante da base do planejamento da cidade, o transporte público de Curitiba tem sido, ao longo da história recente da capital paranaense, o indutor do desenvolvimento e o vetor para a captação de investimentos em projetos estruturantes com financiamentos externos.
“O transporte individual não é sustentável. É um processo cultural que tem que ser trabalhado. Em Curitiba, o transporte público tem papel preponderante na viabilização de recursos a partir de projetos estruturantes”, afirma o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc), Luiz Fernando Jamur.
A implantação, em 2018, do Ligeirão (a linha direta de biarticulados) no corredor Norte-Sul, desde o terminal Santa Cândida até a Estação Bento Viana, próximo da Praça do Japão, e a continuidade das obras até o Terminal Pinheirinho, em andamento, fazem parte do avanço da cidade dentro de um processo de evolução do transporte sobre uma mesma plataforma. E também com vistas à intermodalidade, com a implantação de estruturas voltadas à ciclomobilidade e a criação do Plano de Estrutura Cicloviária.
Também se somam às intervenções recentes do transporte o Terminal Tatuquara, o 24º da cidade, e a entrada em operação da linha Fagundes Varella-Pinheirinho, pelo eixo da Linha Verde.
Ônibus elétricos
O Inter 2 e o BRT Leste-Oeste, projetos com financiamentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e New Development Bank (NDB), respectivamente, e projetos executivos em andamento são as grandes intervenções estruturantes do transporte em curso na cidade.
Ambos os projetos visam a entrada em larga escala de ônibus elétricos na Rede Integrada de Transporte de Curitiba (RIT), além de investimentos em infraestrutura viária, renovação de terminais e novas estações com sustentabilidade energética para garantir maior velocidade operacional, segurança e conforto aos passageiros e uma opção em condições de concorrência com o veículo individual.